Aos seis anos, os presentes de natal são sempre grandes!
E às vezes tão grandes que é preciso uma escada para lhes chegar ao topo.
Das histórias nascem histórias
domingo, 16 de dezembro de 2012
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
indevidos
Mas confesso que há erros muito criativos.
O A. povoa tudo o que escreve com erros, para grande tristeza minha.
Ontem encontrei um dos seus apontamentos de estudo da disciplina de Ciências e lá estavam os ecossistemas povoados. De indevidos. Fiquei possessa, escusado será dizer.
Mas por pouco tempo. Porque, a bem dizer, o nosso ecossistema político está completamente povoado de indevidos.
Talvez não fosse um erro, mas um trocadilho inteligente...
Pelo sim, pelo não, deixar-me-ei ficar na dúvida. Sou mais feliz assim.
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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
receita de felicidade com grão
Depois da receita de felicidade com cerejas, o canhão de massa com grão proporcionou-nos um jantar de gargalhadas único.
É fácil:
1. fazer massa de canudos grossos com grão para o jantar;
2. sentar os filhos à mesa e servi-los;
3. com o garfo e a faca e muita perícia enfiar um grão dentro do canudo de massa;
4. com o garfo dar uma pancada na massa de modo a projetar o grão para dentro da boca.
É virtualmente impossível, mas proporciona uma felicidade extraordinária.
É fácil:
1. fazer massa de canudos grossos com grão para o jantar;
2. sentar os filhos à mesa e servi-los;
3. com o garfo e a faca e muita perícia enfiar um grão dentro do canudo de massa;
4. com o garfo dar uma pancada na massa de modo a projetar o grão para dentro da boca.
É virtualmente impossível, mas proporciona uma felicidade extraordinária.
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pássaros zangados, irmãos felizes
Ter irmãos é, no mínimo, a melhor coisa do mundo.
Mas ter irmãos que fazem bolos é, no mínimo, a melhor das melhores coisas do mundo!
Estes seis anos serão sempre mais um momento de partilha entre irmãos para eles lembrarem...
Mas ter irmãos que fazem bolos é, no mínimo, a melhor das melhores coisas do mundo!
Estes seis anos serão sempre mais um momento de partilha entre irmãos para eles lembrarem...
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domingo, 2 de dezembro de 2012
mytenes
Não me chamo Sandra.
Não sou sueca.
Não vivo na Alemanha.
Não as faço em crochet.
Não as vendo.
Não lhes chamo wrist worms.
Mas cada vez gosto mais delas.
Não sou sueca.
Não vivo na Alemanha.
Não as faço em crochet.
Não as vendo.
Não lhes chamo wrist worms.
Mas cada vez gosto mais delas.
Nos dias bons faço um par por noite.
Nas noites mais longas consigo dois pares.
As primeiras já seguiram para Lisboa para a Avó Mané. Nem deu tempo para as fotografar!
Chamei-lhe Mytenes, porque são minhas, só por isso.
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
iogurtes
Ao pequeno-almoço:
- F., tiras também do frigorífico um iogurte para mim? Dos sólidos, por favor...
- Queres de côco... ou de vaca?
- De vaca, por favor!
Para que conste, também já tivemos gelado de porco na arca!
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segunda-feira, 26 de novembro de 2012
pão de centeio
Aos cinco anos as palavras encerram uma riqueza tão grande que é de perguntar por que razão havemos de crescer e tornarmo-nos tão incapazes.
No sábado, fomos à Montra Nacional na Alfândega para conhecermos o que por cá se faz. Entre cães, queijos, submarinos e as magníficas peças da Sara Maia, um stand vendia crepes de centeio.
O F. estranhou o cheiro e expliquei-lhe de onde vinha.
No domingo de manhã, ainda no quentinho do édredon, o F. revisita mentalmente a Montra.
- Mãe, o que é centeio?
- Centeio é um cereal, como o milho e o trigo. É o daquele pão mais escuro que temos às vezes cá em casa.
- Pão de centeio... Pão de centeio é pão que se senta, não é?
Pão de sentei-o... não é mal visto, pois não?
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sábado, 10 de novembro de 2012
a preto e branco
Enquanto os manos grandes se deliciam com Casino Royale, o F. rebola-se no tapete em frente à televisão.
- Mãe, quando os filmes eram a preto e branco vocês também eram pretos e cinzentos?
Eu disse que não, mas pensando bem não é isso que as fotografias comprovam!
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
levar uma linha a contar histórias
Há muitos anos atrás, ainda eu andava na escola, do lá de lá, tive um caderno que tinha inscrita na capa a célebre frase de Paul Klee
DESENHAR É LEVAR UMA LINHA A DAR UM PASSEIO
Na altura, achei tão bonito e tão certo que ainda tenho o caderno, exatamente como quando o comprei. Por usar. Cheio de folhas brancas com linhas imaginárias a passear em cada uma delas.
Mas depois do recado do F. desenhado naquelas letras enroladinhas, apeteceu-me inventar outra:
ESCREVER É LEVAR UMA LINHA A CONTAR HISTÓRIAS
(provavelmente uma frase desatualizada para quem dedilha teclados...)
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sábado, 27 de outubro de 2012
na ponta das letras
Nos Gambozinos, o ensino da escrita e da leitura é feito pelo método global. Pela experiência que tenho dos dois mais velhos, o método tem todas as vantagens do mundo, desde que seja cumprido com rigor.
O que acontece com o F. (e com todo os coleguinhas dele) é que não sabe ler (apenas sabe palavras e frases de cor), mas escreve como gente grande. E ver as letras dele desenharem-se no papel branco como ondas do mar a desenrolarem-se na praia, deixa-me completamente babada.
E, de repente, aquele que é o meu filho pequenino cresce e, nas pontas das letras, fica do meu tamanho.
terça-feira, 16 de outubro de 2012
cacho de uva puxa dente
Não é um provérbio mas podia ser.
Ou melhor, acho que pode mesmo passar a ser.
Afinal, se os provérbios são do povo...
(nos tempos que correm a ideia de todos nós sermos povo é mais do que importante!)
Depois de um fim de semana (há dois atrás!) de vindimas, os dentes do F. começaram a cair.
A falta dos incisivos inferiores não dá muito nas vistas, mas os beijos ficam mais molhados, arejados e assobiados.
É bom!
Ou melhor, acho que pode mesmo passar a ser.
Afinal, se os provérbios são do povo...
(nos tempos que correm a ideia de todos nós sermos povo é mais do que importante!)
Depois de um fim de semana (há dois atrás!) de vindimas, os dentes do F. começaram a cair.
A falta dos incisivos inferiores não dá muito nas vistas, mas os beijos ficam mais molhados, arejados e assobiados.
É bom!
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
legos
Quando uma mão cheia de adultos inteligentes se juntam para pensar sobre a educação de crianças pequenas, o resultado pode ser absolutamente extraordinário.
No 1º ano, o F., para além de Português, Matemática, Inglês, Dança Criativa, Karaté, Ioga, Expressão Plástica, Música e Xadrês, tem aulas de Lego.
Sim, aulas de Lego!
Não é genial?
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
criaturas
O F. e o V. no banco de trás do carro no regresso da escola.
F. : - De que professora gostavas mais quando estavas nos Gambosinos? Da C. ou da S.O.?
V.: - Em termos profissionais... gostava mais da C. mas agora dou-me bem com as duas.
F: - E em termos de criatura?
terça-feira, 11 de setembro de 2012
piratas e amigos
As férias de uma mãe só terminam com o fim das férias dos filhos. É uma vantagem!
A reentrada no quotidiano das horas, das obrigações e das exigências do mundo do trabalho na escola (para eles e para mim) tem-se feito devagarinho e sempre com um intenso sabor a cinema.
A descida da imaginação para a realidade, das férias para as não férias, do prazer para o dever não deve ser bruca, mas feita suavemente como uma daquelas aterragens em que não sentimos as rodas do avião tocarem o chão. Porque a fronteira entre o céu e a terra somos nós, apenas.
Depois de "Os Piratas", uma fabulosa animação stop motion que nos entusiasmou aos quatro, não apenas pelo resultado final mas quase sobretudo pelo acesso ao processo de realização (é também por isso que vale a pena comprar DVDs), os "Amigos Improváveis" esperaram que o F. adormecesse e deram-nos uma lição de vida, aos três, recheada de gargalhadas.
É para isto que serve a arte. A primeira, a segunda (sejam elas quais forem) e a sétima.
Digo eu, claro.
terça-feira, 4 de setembro de 2012
chocolate
Isto é mesmo só falta de vontade de marcar o fim das férias mais cuis (que é o plural de cool, como é óbvio para quem tem cinco anos!) da minha vida!
Um Johnny Deep tão apetitoso como um chocolate, uma super Binoche e uma história deliciosa. Um filme para toda a família!
quarta-feira, 25 de julho de 2012
quarta-feira, 11 de julho de 2012
é muito bom ser diferente
Em pleno século XXI, neste país, a dança ainda é para meninas e o desporto para rapazes.
Senão veja-se: há duas semanas, nas actividades do GADUP, o A. e V. eram apenas mais dois entre vinte rapazes. Meninas eram só duas!
Esta semana, no Balleteatro, são os dois únicos rapazes entre 11 meninas.
Bom para eles! Estão a aprender, mais uma vez, o que quer dizer o Manuel António Pina quando escreve
"é muito bom ser diferente
mas também é bom ser igual
mas às vezes ser como toda a gente
é uma forma diferente de se ser diferente
porque toda a gente é desigual"
Nada que eles não saibam, mas é sempre bom senti-lo no corpo!
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terça-feira, 10 de julho de 2012
mergulhar no mapa
Três semanas de praia fazem parte do currículo da escolinha dos Gambozinos.
Porquê?
Porque ir à praia permite um milhão de aprendizagens que não se proporcionam noutros lugares.
Enterrar professores na areia, comer pão com óptimo, conversar com o nadador-salvador, tomar banho de mangueira, torcer calções, dormir na relva, ler em cima das árvores...
E, claro, mergulhar no mapa!
É que o mar, aquele mar da praia de Miramar, com a simples pergunta "que oceano é este?" transforma-se, súbita e extraordinariamente, em Oceano Atlântico. E já ninguém vai fisicamente tomar banho no mar, mas banhar-se no Oceano Atlântico e, cognitivamente, dá-se o necessário e desejável mergulho no mapa.
Ah, e se alguém decidir nadar sempre, sempre em frente...
Do outro lado há de estar a América, claro!
quinta-feira, 5 de julho de 2012
sujar os pés
Cá em casa, parece que não há dois sem um!
O A. e V. saíram para umas pequenas férias com os avós e ao F. juntou-se o seu amigo P.
E nunca ficam duas camas vazias!
De manhã. Saímos com tempo. Porque uma mãe nunca se esquece que se pode esquecer de alguma coisa e há que ter tempo de voltar a subir para repescar o que ficou esquecido.
Foi o caso. A casa ainda está morna, mas lá fora está fresco e os casacos ficaram esquecidos.
Na preparação para a segunda descida, o P. pede para sujar os pés.
Sujar os pés quer dizer, entre nós, descalçarem-se e descerem as escadas e, de preferência, andarem um pouco pela garagem para que os pés fiquem bem negros.
Às oito e quarenta da manhã, atiraram crocs e sandálias pelo vão das escadas, desceram escadas a correr entre gargalhadas vibrantes e antes de sair a porta voltaram a calçar-se.
O que ganhámos com isso, além de uma boa disposição contagiante?
Primeiro, com cinco anos os dois amigos calçaram-se e descalçaram-se sozinhos mais do que seria suposto.
Segundo, fizeram lançamentos, o que é um treino fundamental para a vida.
Terceiro, desceram escadas a correr, sem cair.
Quarto, partilharam comigo a cumplicidade de fazer coisas que os adultos geralmente não os deixam fazer.
Quinto, mostraram ao mundo que não há razão para não fazermos da vida uma permanente diversão.
Ah, hoje ainda é dia de praia e o mar encarregar-se-á de lhes lavar os pés.
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quarta-feira, 4 de julho de 2012
a terceira alternativa
A ideia pesquei-a num sábio velhinho americano.
Ando a digeri-la há uns dias e ontem aproveitei a oportunidade e pus em prática.
Foi assim:
- Mãe, eu queria levar um boneco e uns carrinhos para a hora do eremita, mas não posso.
- Eu acho que podes...
- As professoras não deixam. Não sabes que não se pode levar nada para a praia?
- Mas se levares no bolso dos calções não deve haver problema... também trazes pedras da praia, não é?
- Ó mãe, até parece que tens cinco anos!!! Não se pode, não sabes? As pedras também não se pode.
- Ok. Mas tu trazes pedras, por isso também consegues levar bonecos...
- Não posso, mãe!
(já estava quase à beira das lágrimas)
- Olha, F. (terceira alternativa em ação) eu acho que podes. Há sempre uma maneira de conseguir as coisas.
Metemos o boneco e os carrinhos num saquinho de pano e eu guardei-o na minha carteira. O F. continuava descrente.
- Não vais conseguir...
- Claro que vou!
- Se eu puser no bolso dos calções depois esqueço-me e blá, blá, blá.... (mentalidade da escassez!)
- Vais ver...
Entretanto, a conversa mudou.
Quando chegámos à escolinha o F. não estava com vontade nenhuma de me deixar, por várias razões.
Aproveitei a conversa com a S. (a professora com quem tem agora uma relação privilegiada) e meti-lhe o saquinho de pano na grande bolsa de praia.
- O que é isto?
- Depois vê!
Pisquei o olho ao F. e depois de muitos abraços deixei-o bem entregue.
À tarde estavamos felizes! Ele porque tinha brincado muito com o boneco e os carrinhos e eu...
Porque já sei como se faz para seguir o caminho da terceira alternativa!
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domingo, 1 de julho de 2012
pintar, porque sim
Fim da tarde. Começo a preparar o jantar e o F. pede-me para pintar.
O lado adulto de mãe projectada no futuro manda logo dizer que não.
Não porque vou precisar da mesa.
Não porque não se mistura comida com tinta.
Não porque vais sujar tudo e a ti também e eu já tenho tão pouca vontade de arrumar a cozinha!
Mas o lado adulto de mãe que vive o presente diz que sim.
Sim porque pintar é bom.
Sim porque a vontade de nos exprimirmos não deve ser reprimida por necessidades menores (como comer).
Sim, porque é tão bom sujar tudo e depois lavar tudo.
Sim, porque não há nenhuma razão verdadeiramente razoável para não pintar agora.
Sim, porque as cores do açafrão, do pimentão doce e do chocolate em pó são fabulosas!
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domingo, 24 de junho de 2012
quarta-feira, 13 de junho de 2012
são antónio
Hoje é dia de São António, camisenteiro.
E por que razão há-de ser Santo António, casamenteiro?
Siga as rugas!
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segunda-feira, 11 de junho de 2012
gambozinos no Bairro dos Livros
De repente, no sábado, a livraria Lello foi invadida por um bando de gambozinos.
As vozes encheram as prateleiras e os livros fecharam-se para ouvir melhor.
Foi um daqueles momentos que ficam na história das nossas vidas.
Porque ouvir um coro de crianças (e menos crianças!) a cantar é daquelas coisas que enche a alma.
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quarta-feira, 6 de junho de 2012
geração clic
Uma das minhas últimas prioridades em matéria de educação é desmontar a geração clic, a que pertencem, inevitavelmente, os meus filhos (e os meus alunos).
Para eles o mundo está à distância de um clic. Sempre.
Querem ver um filme, clic. Quererem ouvir uma música, clic.
Querem jogar um jogo, clic.
Querem comunicar com um amigo, clic.
E depois, já agora, querem um copo de água, clic.
Querem os trabalhos de casa feitos, clic.
E por aí fora.
Passam o dia a tomar decisões rápidas, de efeito rápido e duração instantânea.
A vida não é assim!
Portanto, como não somos, decididamente, uma família clic, ainda que eles tenham nascido neste contexto, desde que o comando da televisão se avariou que não há clic.
E muda tudo, na forma deles estarem.
Porque quando querem mudar de canal (e só temos quatro!) há que discutir quem se levanta para mudar o canal, para qual e quem tem o melhor argumento no caso de discordância.
Depois, para acertar o som, há que discutir novamente quem se levanta e qual o volume exacto para agradar a todos.
Para quem não viveu a infância com comandos e botões do género, é preciso ver para crer como estes aparelhinhos dão cabo dos bons hábitos de vida de uma população.
Não sendo fundamentalista, estou desejosa que todos os comandos da casa se avariem para que nunca mais os arranjemos!
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domingo, 3 de junho de 2012
presente, sempre
Tenho passado os últimos dias a observar o F., na perspectiva de perceber qual é a verdadeira diferença entre mim (adulto) e ele (criança). E acho que descobri.
O F. vive o presente. Sempre. Ainda que haja um passado e um futuro que ele domina conscientemente, o seu foco é sempre o presente. A sua energia e a sua atenção concentram-se inequivocamente no presente. No que está a fazer no presente e não no que fez ou vai fazer.
É essa a grande diferença entre uma criança e um adulto.
Os adultos foram compelidos, por situções várias, a esquecer-se de viver o presente e passam a vida a pensar no que fizeram ou não fizeram antes e no que vão ter de fazer (ou não fazer) no futuro.
Trabalho de casa: aprender a viver o presente. Sempre!
(Não é uma questão de carpe diem, nem sequer de carpe momentum. É mesmo uma forma diferente de ser.)
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quarta-feira, 30 de maio de 2012
post it... or lose it!
- Mãe, lembras-te daquele dia em que (???)...
- Sim...
- Estou a passar esse dia na minha cabeça e não está lá nada...
- Hum...
- Chhc. Acabou! Já passou o dia todo e não encontrei nada...
(a memória atriçoa-nos, mesmo quando uma conversa destas se passa às sete da manhã, ainda por baixo de lençóis e fazemos um esforço consciente para nos lembrarmos de tudo)
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sábado, 26 de maio de 2012
o fabuloso destino de Amélie
É um filme. Vale a pena rever.
Só a colecção de imagens da folha de rosto (não sei como se chama nos filmes...) é inspiradora.
E, depois, há sempre a ideia feliz e maluca de nos intrometermos agradavelmente (ou não!) na vida dos outros.
Há quem pratique.
A mim, parece-me bem a ideia de surpreendermos o nosso destino!
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quarta-feira, 23 de maio de 2012
mãos de tesoura
O F., aqui há tempos, do banco de trás do carro, a caminho da escolinha, suspirou:
- Estou farto de ser pessoa! Gostava de ser cão ou gato...
Ando há três semanas a digerir esta afirmação, porque, mesmo depois de ter lido "As Bruxas", de Roahld Dahl, é coisa para dar que pensar a uma mãe!
Ontem, vimos o magnífico "Eduardo Mãos de Tesoura", que o Público espalhou para bem de todos nós (que não temos mais do que quatro canais de televisão e que ainda suspiramos pelas duas vezes por mês em que íamos ao vídeo clube escolher filmes)!
O A. nunca o tinha visto até ao fim (só tinha visto a parte feliz, como ele disse, no fim), eu vi-o pela quarta ou quinta vez, o V. pela segunda e o F. pela primeira.
O F. adorou o filme e acordou hoje a pedir para o ver outra vez, logo à noite.
E, claro, agora o seu sonho é ter mãos de tesoura!
Não menos complicado do que querer ser cão ou gato, aqui entre nós, mas, sempre, sempre, um querer muito bom!
(Mais três semanas de digestão...)
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sexta-feira, 18 de maio de 2012
receita de felicidade com cerejas
As cerejas são, em si, uns frutos felizes: vivem aos pares, são doces, vermelhas, redondas, brilhantes... Enfim, tudo o que é preciso!
Mas as cerejas são ainda mais do que isso. São frutos capazes de gerar uma felicidade imensa.
Esta é apenas uma das receitas:
1. Compre um quilo de cerejas e lave-as com água fresca corrente.
2. Coloque as cerejas numa taça grande e ponha-a sobre a mesa da cozinha.
3. Ao lado da taça das cerejas coloque uma taça pequena, vazia.
4. Reúna os seus filhos à volta da mesa.
5. Comam uma cereja de cada vez e vejam quem consegue atirar mais caroços para dentro da taça pequena, cuspindo-os, simplesmente.
Eu consegui sete, o A. cinco, o V. quatro e o F. vários noutras taças que não a dos caroços!
Foi um dos momentos mais felizes desta semana. Até porque, de vez em quando, ainda conseguimos encontrar um caroço perdido em qualquer canto da cozinha!
A vida pode ser feliz como as cerejas. É só saber algumas receitas!
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quarta-feira, 16 de maio de 2012
casamento
Ontem, às sete da tarde, no meio da sala e perante os manos, casei com o F.
Estava doido de todo, o miúdo. Depois de me beijar durante mais de dez minutos, perguntou-me quando é que casávamos. E, pronto, foi ali mesmo. Na hora.
Os dois, de pé, ele pequenino em cima do seu metro e cinco, a olhar para mim embevecido, ergui-o à altura dos meus olhos e ele beijou-me.
Depois, voltámos a sentar-nos no sofá e ele beijou-me e declarou Adoro-te! com um ar solene e definitivo.
- Ok, estamos casados, e agora o que é que fazemos? (sim, que isto de casar com um miúdo de cinco anos deve ter que se lhe diga!)
- Agora vamos comer!
E pespegou-me um último beijo e foi brincar.
Acho que os casamentos deviam ser todos assim: felizes para sempre!
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sábado, 12 de maio de 2012
coisas que não deveriam acontecer
Quando, há quatro dias, se espalhou a notícia da morte de Maurice Sendak, andei para aí a dizer disparates do género a morte é o outro lado do nascimento. Parvoíces de quem não quer desesperadamente desiludir um velhinho maluco que ia ter uma morte feliz...
Mas, perante a morte de Bernardo Sassetti, não consigo pensar senão que a vida é uma estúpida falésia de onde podemos cair se nos distrairmos a fotografar aquilo de que mais gostamos.
Se Deus existe, Ele que faça o favor de me explicar isto tudo. Porque sozinha não chego lá.
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domingo, 6 de maio de 2012
Dia da mãe
Se uma mãe se pode medir pelos filhos que tem, então, eu sou enorme!
Fui despertada às dez da manhã por três sorrisos cúmplices que me beijaram dengosamente e me conduziram de olhos fechados através de um aroma delicioso até isto:
Eles são... o máximo!
(claro que não tirei fotografias à cozinha...)
Fui despertada às dez da manhã por três sorrisos cúmplices que me beijaram dengosamente e me conduziram de olhos fechados através de um aroma delicioso até isto:
Eles são... o máximo!
(claro que não tirei fotografias à cozinha...)
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quarta-feira, 2 de maio de 2012
trabalho com prazer
Não é fácil resumir em poucas linhas o que aconteceu entre as 21h do dia 30 de Abril e as 19h do dia 1 de Maio entre a Rua de Francos e a Rua dos Castelos. Mas foi mais ou menos assim.
Os meninos da escolinha dos Gambozinos foram deixados pelos pais, na Casa dos Fantasmas (a casa da escolinha), em pijama e roupão, munidos de saco-cama, colchão, muda de roupa e almoço piquenique, para passarem a noite juntos.
No dia seguinte, pelas 15h, os pais voltaram a encontrar-se com os filhos no Buliana (a casa das actividades que exigem espaço) para uma tarde de apresentação de pequeninas amostras do trabalho realizado pelos meninos e professores ao longo do ano.
No dia do trabalhador o nosso programa de festas foi assim:
Os meninos da escolinha dos Gambozinos foram deixados pelos pais, na Casa dos Fantasmas (a casa da escolinha), em pijama e roupão, munidos de saco-cama, colchão, muda de roupa e almoço piquenique, para passarem a noite juntos.
No dia seguinte, pelas 15h, os pais voltaram a encontrar-se com os filhos no Buliana (a casa das actividades que exigem espaço) para uma tarde de apresentação de pequeninas amostras do trabalho realizado pelos meninos e professores ao longo do ano.
No dia do trabalhador o nosso programa de festas foi assim:
Foi um ver para crer que é possível construir uma escola a muitas mãos e, sobretudo, a mãos de muitos tamanhos diferentes.
Muitas escolas assim é o que faz falta!
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segunda-feira, 30 de abril de 2012
25 de Abril
Faltou um cravo aqui, mas cá em casa multiplicaram-se.
E o F. aprendeu a andar de bicicleta!
25 de Abril SEMPRE!
sábado, 21 de abril de 2012
palagens
Digo para mim mesma, há uns anos, que só me falta ser educadora de infância.
Ainda serei capaz?
A E., que tem a sorte de passar os dias com nossos filhos e que anda atenta, contou-me, na quinta-feira, a propósito de um menino que se veio queixar de ter levado um chutapé, que o João (um desses nossos filhos) lhe tinha pedido, uma vez, durante a leitura de um livro, se depois podia "mostrar as palagens".
Acho que ficou finalmente inventada a palavra que nos faltava para designar aquilo a que, imprecisamente, andamos a chamar ilustrações.
Era preciso alguém de quatro anos para a inventar!
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sexta-feira, 20 de abril de 2012
o nosso filho
O F. vai estrear-se a cantar com os Gambozinos na segunda-feira em Aveiro.
Quando o comuniquei durante o jantar aos manos, debaixo do olhar brilhante do F., o V. declarou:
- Temos de ir ver, mãe, ele é nosso filho!
Infelizmente não vamos ver e ouvir o nosso filho, porque outras obrigações nos chamam.
Sinto-me cada vez mais no meio de gigantescas pequenas coisas. Todos os dias!
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quarta-feira, 18 de abril de 2012
Preposições 2
Terça-feira. Três da manhã. Olhos fechados com o chichi a deslizar pela sanita abaixo.
- Mãe, hoje sonhei em ti!
Enquanto está salvaguardado de professores a quererem ensiná-lo, o F. vai aprendendo a exprimir-se como um literato.
De preposições já ele sabe tudo o que é preciso.
Não é tão lindo sonhar em mim?
Sonhar em é muito mais do que sonhar com.
É preciso ser mãe para ouvir coisas destas.
É preciso ser um filho de mil homens para dizer coisas destas!
Preposições 1
Perante a minha cara e pergunta dele "O que é que eu aprendo com isso?", convertemos o trabalho em escrever uma frase para cada uma das preposições. Rimo-nos durante mais de quinze minutos, o V. aprendeu tudo o que havia para aprender e terminámos assim:
Trás: Trás-os-Montes! Traz tu!
Enquanto os professores não pensarem no que querem que os alunos aprendam este mundo não anda para a frente.
Mas há volta a dar-lhe, como ficou provado!!!
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sexta-feira, 13 de abril de 2012
Gandhi aos 13
Ontem o A. fez 13 anos e o presente da passagem de criança a teenager que me pediu foi para acabarmos de ver o "Gandhi" juntos. Ele só vira a parte da África do Sul. Um quase nada muito importante, portanto.
Revi, com ele, o portentoso filme de Attenborough, o gigantesco Kingsley (não esquecendo as duas mãos cheias de fabulosos actores ingleses e indianos) e o verdadeiramente reencarnado Gandhi.
Já vi o filme mais de dez vezes e nunca me canso.
(Acho que já sei quase metade das deixas de cor!)
O V. viu-o aos dez anos, digo, aos nove (no 4º ano), na escola, e reviu já algumas partes comigo.
Até o F., debaixo do sono dos seus cinco anos, já mostrou curiosidade em ver com mais atenção o filme do "velho sem fome" (que é como os irmãos lhe chamam!).
Acho que ainda podemos construir um mundo em condições se começarmos assim.
Digo eu.
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