Das histórias nascem histórias

Das histórias nascem histórias
um poema visual de Fernanda Fragateiro

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

bandidos e fantasmas

Carlos Drummond de Andrade

- Mãe, os bandidos não existem, pois não?
- Claro que existem! A maior parte está no governo...
- Mas os ladrões não existem, pois não?
- Esses geralmente vão para ministros das finanças...
- Mas aqui no Porto não há, pois não?
- A concentração é maior em Lisboa, mas também temos alguns jeitosos...
- Mas os fantasmas não existem!
- Os fantasmas não, só as avantesmas!
- O que é avantesmas?
- Uma espécie de fantasmas, umas coisas muito grandes.
- Mas não existem fantasmas... Não existem coisas estranparentes que andam...
- Pois, os fantasmas não, só mesmo as avantesmas...
(A palavra "avantesmas" aparece no libreto, de Carlos Tê, para uma ópera encomendada por Guimarães Capital da Cultura 2012 a um amigo meu compositor que a queria substituir por "fantasmas" antes de lanchar comigo. Depois do lanche as avantesmas ficaram lá e o telefonema de reclamação ao Tê foi adiado. Ele vai dedicar-me o compasso, mas espero que a minha alcunha não passe a ser Avantesma! Não há bela sem senão...)

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

bomba2


Largada da segunda bomba, ontem no carro, a propósito de o meu bisavô ter sido preso.
- Foi por causa do filho da mãe do Salazar, sabias, mãe? - pergunta o V..
E o bombista:
- Eu sei uma palavra mais perigosa que filho da mãe...
- Qual é? - dispara o curioso.
- Filho da puta!
No comment...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

bomba1


Estamos na idade das palavras-bomba. Não só o F., mas sobretudo o F..
Ontem, uma vez mais, do fundo de uma caixa em que se enfiara com uns quantos dinossauros e um tacho de massa crua, lançou a bomba:
- Sexuais! O que é sexuais?
Fiz-me de lorpa, num sorriso cúmplice com o A., a quem massacrava com um ritmo na guitarra.
- Não sei...
- Não sabes?!
(Escandaloso, no mínimo.)
- Não, não sei... Tu sabes?
- Sei. Sexuais é namorados!
O sorriso cúmplice do A. transformou-se numa quase gargalhada muito silenciosa e discreta.
Ter cinco anos é, de facto, maravilhoso!