Das histórias nascem histórias

Das histórias nascem histórias
um poema visual de Fernanda Fragateiro

terça-feira, 29 de março de 2011

entre o oral e o escrito, o sentido prevalece


Não há dúvida que ouvir e ler (ou escrever) são actividades que em nada se assemelham, embora possa não parecer.
No ano passado, o A. passou uma vergonha na escola por ter escrito Jesusalém, em vez de Jerusalém. Nunca tendo visto a palavra escrita, fazia todo o sentido, para ele, que o topónimo fosse Jususalém!
Ontem, aconteceu o mesmo com o F.. Enquanto jantávamos, o V. contava os presentes que tinham sido oferecidos à sua amiga A., no domingo.
- Além de uma bolsinha com baton e essas coisas, não sei quem foi deu-lhe o livro do Ulisses.
- Do Tolices? - inquiriu logo o F.
Gargalhada geral, está-se a ver.
Mas, na verdade, não havia que rir.
Ulisses ainda não significa nada para o F. (a seu tempo lá chegará) e tolices é uma palavra com um sentido profundo na sua vida de quatro anos (e que quatro!).
Por mim, não vejo problema nenhum nestas confusões.
Afinal, antes de casar com o pai deles eu própria lhe perguntei uma vez, na frente do Atlas, que me dissesse onde era o Islão, que eu nunca tinha percebido. Naturalmente, ele riu-se. Mas casou comigo porque, na verdade, o conceito era bastante geográfico!
Em contrapartida, tive de lhe mostrar no mapa a Patagónia. É que ele achava que era a terra do Tio Patinhas... Fazia sentido!
A questão do erro é uma questão de conceito e preconceito. Digo eu!