Das histórias nascem histórias

Das histórias nascem histórias
um poema visual de Fernanda Fragateiro

sábado, 19 de março de 2011

o cor-de-rosa

Para dizer a verdade, apesar de ter sido sempre uma menina muito menina, nunca fui uma menina do género cor-de-rosa. Talvez por isso fui contemplada com três filhos e salva da terrível tarefa de conseguir evitar o cor-de-rosa na roupa e acessórios de recém-nascidos (tarefa deveras dífícil!).
O F. é o único dos meus três filhos que não gosta de cor-de-rosa. Pelo menos, é o que ele diz!
Claro que abre uma excepção para a Pantera... mas isso é porque ela é pantera, mãe! (acho que ele ainda não domina bem a função dos artigos definidos, senão teria dito a pantera!)
O A. e o V. nunca se incomodaram com o cor-de-rosa, mas o F. é peremptório.
Há dias comprei meias para todos. O F. perguntou logo:
- Não trouxeste cor-de-rosa para mim, pois não?
Perante a minha confirmação, respirou de alívio:
- Ainda bem!
Assim sendo, e uma vez que apesar de tudo o A. e o V. não se entusiamam com as meias cor-de-rosa, sou a única a usar meias cor-de-rosa cá em casa. Embora quando conheci o pai deles ele tivesse umas meias cor-de-rosa, que adorava e que tinham sido brancas antes de conviverem na máquina de lavar com um par de meias vermelhas!
Mas isso é outra história...

quinta-feira, 17 de março de 2011

a plasticidade da língua


O português é, efectivamente, uma língua plástica e divertida. Os portugueses é que nem tanto.
Mas cá em casa, como é público, cultivamos a plasticidade e o divertimento.
O F. hoje propos-se fazer-me uma arranjação na cozinha com uns canudos de cartão e o A., ao vir da escola, explicou-me que os indianos são vegetarianos porque acreditam no reencarnamento das pessoas nos animais.
Eu que, graças ao Sr. Pompeu, à minha avó e ao meu pai (todos juntos mais eu própria e o meu difícil feitio!) sou verdadeiramente insuportável em matéria de correcção linguística, acho péssimo que se corrijam vocábulos expressivos como estes e declaro em voz alta que os meus filhos falam muito bem, porque têm um vocabulário activo mais rico que o da média da população, exprimem-se com rigor e clareza e entendem bastante melhor o que eu digo que os meus alunos e colegas. Além disso, não sofrem de alexitimia, como muita gente que anda por aí à solta.

domingo, 13 de março de 2011

o povo unido jamais será vencido

Às duas da manhã, o meu namorado chegou a casa com um sorriso estampado na cara.
O povo estivera, finalmente, de novo, unido na rua. Entre cravos, cartazes e skinheads, foram milhares de pessoas que tranquilamente gritaram pela mudança.
As canções da nossa infância voltaram a ouvir-se.
Hoje, acordei com a esperança de um futuro melhor para os meus filhos.