Das histórias nascem histórias

Das histórias nascem histórias
um poema visual de Fernanda Fragateiro

sábado, 22 de outubro de 2011

a caixa táxi

O meu pai tem um amigo de infância, alemão, com quem mantém contacto desde sempre e, provavelmente, até sempre.
O G. é, para mim, que o conheço mais das narrativas do meu pai do que pessoalmente, mais que uma pessoa. É assim uma espécie de personagem da história da nossa família.
Durante o pós guerra, a mãe do G. tomava semanalmente chá com as amigas alemãs e, rotativamente, em casa de cada uma, havia também uma das senhoras que rotativamente oferecia uma caixa de bombons à anfitriã.
Um dia, chegou a vez da mãe do G. receber as amigas em sua casa e receber a dita caixa de bombons.
Mais tarde, a mãe do G. ganhou coragem e confessou a uma das amigas, em quem depositava maior confiança, que ao abrir a caixa verificara que os bombons estavam estragados, claramente muito para lá do prazo de validade e bom estado de conservação.
Exclamação da amiga:
- E tu abriste?
É que, ao que parece, a caixa circulava, de casa em casa, de mão em mão, sem nunca ser aberta.
Era uma caixa táxi, como lhe chamou o G.
É uma história bonita, não é?

domingo, 16 de outubro de 2011

caixas


As caixas servem para quase tudo.
E, como os gatos, têm sete vidas.
Estas começaram por acomodar os candeeiros novos cá de casa e, ainda antes de se acenderem as luzes, já estavam transformadas em cavalo.
A felicidade do cavaleiro fica escondida pela sua identidade secreta, mas posso assegurar que se sentia no mínimo um D. Quixote, pronto a enfrentar gigantes.