E a Regina Guimarães acrescentaria "embrulhada em céu azul e renda de chuva fina?"
A nós a Primavera trouxe-nos um embrulho com uma surpresa dentro.
Um fim-de-semana sonhado semanas a fio, a excitação do hotel (e sobretudo do pequeno-almoço!), o castelo, o paço dos duques, o vila-flor...
Eis senão quando uma janela de guilhotinha resolve pregar-nos uma (mão) partida.
Felizmente, há histórias para tudo, e hoje a caminho da escola conseguimos pôr o V. a rir. No carro foi só o princípio da história, mas agora vou pô-la toda aqui.
- Vamos, vamos! Está na hora! Aiii...! Uma chuvada enorme! Pronto, daqui já não saímos. Primavera maldita!
- Não fui eu! A culpa é da chuva que nos deixou metidos no hotel. Nós estávamos a tentar descansar e...
- Achas bem chuva insistente?
- Não fui eu! A culpa é do F. que se pôs na janela.
-Achas bem, F. curioso?
- Não fui eu! A culpa é do pai que não me deixava molhar a cabeça...
-Achas bem, pai zeloso?
- Não fui eu! A culpa foi do V. que me obedeceu e fechou a janela...
- Achas bem, V. obediente?
- Não fui eu! A culpa foi da janela teimosa. Eu tirei o suporte de um lado, ela não descia, tirei o suporte do outro e zás! ela caiu-me na mão...
-Achas bem, janela Antonieta?
- Não fui eu! A culpa é do inventor da guilhotina. Agora que não há cabeças, caio nas mãos de quem me apeteça!
- Já não há cabeças? Pois, já não há cabeças... Quem terá sido?
Foi mais ou menos isto que nos trouxe a Primavera. Quando cheguei de trabalhar, a história já estava completa e o V. com a mão engessada. Hoje, ardem-me os olhos das sete lágrimas derramadas.
Nestas alturas, sinto-me como a Camila: uma espécie de mula branca com camisola às riscas. Mas isso já é outra história...