Das histórias nascem histórias

Das histórias nascem histórias
um poema visual de Fernanda Fragateiro

sexta-feira, 9 de abril de 2010

para exprimir

Depois do post de ontem, cabe esclarecer que, embora não tenha nada contra os livros de colorir de qualidade, acho que não devem, definitivamente, ser usados nas escolas, nem sequer em consumo moderado. As escolas e jardins de infância têm a obrigação de espremer (a etimologia do verbo exprimir) as nossas crianças e não de entretê-las.
Ontem, estivemos na praia ao fim da tarde. A praia, nesta altura do ano, está cheia de pauzinhos esculpidos pelo mar. Com eles fizemos bichos sobre a areia e depois o F. quis trazer alguns paus para casa. Eu quis trazer todos e tenho um saco cheio de paus para levar comigo para o Porto, quando voltarmos ao trabalho.
Entretanto, comigo andam os últimos livros de Karla Cikánová, uma senhora checa, professora primária e formadora de professores, que tem publicados pelo menos cinco livros absolutamente excepcionais em matéria de prática de expressão plástica com crianças. O primeiro, "Teaching children to draw", comprei-o numa livraria em Exeter, em 1990, e tem sido, digamos, a minha bíblia pedagógica. Há dias chegaram os outros três que mandei vir pela Amazon.uk., agora que vou voltar a dar aulas.
Seria capaz de dizer que são livros indispensáveis para quem quer espremer o que de melhor há nas crianças!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

para colorir

Ontem, o F. adormeceu a colorir um livro. Um daqueles livros manhosos, de desenhos feios (ainda assim os menos feios que consegui encontrar na tabacaria de Moledo) e hoje de manhã estivemos os quatro, à volta da mesa, livros desfeitos em folhas soltas, a colorir desenhos feios.
Não há volta a dar-lhe. Há uma idade (que vai dos três aos... quarenta e três?) em que todos gostamos de colorir desenhos. Ao contrário de alguns fundamentalistas não tenho nada contra o colorir desenhos. Muito pelo contrário. Quando tinha seis anos, e ainda não havia fotocópias, o meu pai deu-me uma folha de vegetal Canson A3 e uma Rotring e disse-me para eu escolher um desenho de um livro que eu gostasse muito. Decalquei um desenho de uma cena doméstica complicadíssima de ursos antropomórficos e dois dias depois o meu pai trouxe-me da Faculdade um saco preto com um monte de cópias do meu desenho lá dentro. Não me lembro de ter colorido mais nenhum desenho na vida (nem sequer os de hoje de manhã!). Mas aquele, ainda era capaz de o descrever se os meus olhos falassem.
Houve uma altura, em que desenhei Tintins para o V. e o A. colorirem. Mas nem sempre me apetece desenhar, também. Há tempos resolvi gastar algum dinheiro em livros para colorir. E hoje, temos a casa cheia de desenhos de boa qualidade para colorir. Não os trouxemos de férias. Mas isso é normal.

O que não é normal é achar que temos de colorir como vem na página ao lado. Felizmente, o F., o V., o A. e eu sabemos isso! E os desenhos feios servem-nos, em dias de férias, coloridos muito bonitos.

terça-feira, 6 de abril de 2010

a que cheiram as nuvens?

No carro, a caminho de Viana do Castelo, o F. inala o ar que entra pela janela:
- Cheira a nuvens!
Cheirava, de facto. E a que cheiram as nuvens?
Ao mesmo que sabe a lua...
Ou talvez não.
E se um dia o F. me pede para lhe ir buscar as nuvens para brincar com elas?
 Pego numa escada muito grande, ponho-a no cimo de uma montanha muito alta e trago-lhe as nuvens!
Assim como fez o pai da Monica com a lua.
Afinal, o cheiro a nuvens faz-nos pensar em livros com luas!

domingo, 4 de abril de 2010

és tu a Páscoa?

Desde hoje de manhã que o F. me pergunta:
- Mãe, vamos à Páscoa? Podemos ir à Páscoa?
Poder, podemos... Mas, onde é a Páscoa?
A Páscoa, como a Primavera e outras coisas, são entidades abstractas onde, para dizer a verdade, não sei ir.

O problema é que este ano a Páscoa não veio connosco. E, para eles, a Páscoa é a avó e, inevitavelmente, um almoço especial seguido da tão desejada caça aos ovos.
Este ano, a Páscoa ficou na cama, com tosse, porque está constipada e não pode andar ao sabor de uma Primavera caprichosa.
 Talvez eu devesse sair da toca e perguntar: És tu, a Páscoa? Faria, no mínimo, figura de ursa, que é sempre uma figura boa de se fazer! Mas, pela primeira vez, eu sei quem é a Páscoa... e calha, por acaso, de até ser minha mãe!