Das histórias nascem histórias

Das histórias nascem histórias
um poema visual de Fernanda Fragateiro

sábado, 8 de maio de 2010

mantinhas de Klimt

Ensinar, creio, não é mais do que contagiar os outros com aquilo que somos, sabemos, sentimos, acreditamos, gostamos... Há dias, uma aluna perguntou-me:
- A professora gosta mesmo daquilo que faz, não gosta?
- Gosto, claro! Mas porquê?
- Porque se nota... Quando está a mostrar-nos coisas fala assim como se quisesse... que nós nos entusiasmemos...
- É verdade!
E também é verdade que é absolutamente maravilhoso encontrar pessoas pequeninas que nos entendem tão bem. Que se deixam contagiar pelo nosso entusiasmo.
O resultado? Amazing! Ou como dizia Tomé, ver para crer!





crescer para cima com sensibilidade e bom senso

Na quinta-feira, os manos foram à primeira consulta de obesidade no Hospital de S. João. Se alguma vez eu podia imaginar vir a ter filhos com excesso de peso...
Mas há que assumir a realidade e fazer tudo o que podemos para que a vida deles seja saudável e, sobretudo, para que se sintam felizes.
O A., em especial, anda muito infeliz na escola. É terrível como os outros meninos o discriminam por não ser magro! Felizmente, arranjou um amigo leal, amoroso, tranquilo e... gordinho, também. Os dois juntos sentem-se bem. Mas a vida deles está a ser dura.
É espantoso como há profissionais de saúde que sabem falar com os nossos filhos e torná-los mais felizes em pouco minutos!
Os nossos jantares têm sido deliciosos, divertidos e, com esta brincadeira de aprender a comer, o A. já aprendeu a calcular a área dos círculos e atransformá-los em quadrados. É que a carne e o peixe do jantar são medidos pelos círculos mágicos que temos na cozinha e correspondem à palma da mão de cada um. E cortar carne e peixe em círculo não é a nossa especialidade!

A nossa verdadeira especialidade, cá em casa, é mesmo fazer da vida um lugar bonito para viver. E isso implica não passar por cima daquilo que é menos agradável e encarar os problemas de frente, com orgulho e sem preconceitos, com sensibilidade e bom senso.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

casa nova

Ontem de manhã, logo à saída de casa, demos com uma caixa de cartão enorme junto aos contentores do lixo. À tarde, quando regressámos ainda estava lá. Claramente, esperava por nós.
Eu e o F. olhamo-la bem da janela... Parecia mesmo chamar por nós e, portanto, fomos buscá-la. Surpresa das surpresas, não era uma caixa, mas duas! Duas caixas enormes de cartão!!! Arrastámo-las para dentro de casa e...




Os electrodomésticos já estavam prontos desde domingo, à espera da casa.
O único problema é que uma casa precisa de muita coisa e o F. quer tudo: cama, persianas, estores, cortinas, tapetes, coisas para limpar (pois claro! aspirador, esfregona, vassouras e pás...), relva no jardim (afinal o muro delimita o jardim para quê?) bicicleta (de cartão, pois então!), lâmpada (Porque à noite, mãe, fecho as janelas e fica escuro! como é óbvio...) e tudo o mais que está para vir.
Mas mesmo sem tudo o que é preciso, o F. e os manos brincaram até caírem de sono na casa nova.
O A., então, do alto do seu metro e quarenta e cinco, só repetia, quase extasiado:
- Oh mãe, nós nunca tínhamos tido uma casa em que até eu coubesse lá dentro!
O F., claro, entra e sai de pé, e ainda pode crescer uns bons pares de centímetros até que a cabeça lhe chegue ao tecto.
Ah, e a propósito de tecto, ainda falta pôr o fumo na chaminé, não me posso esquecer!

terça-feira, 4 de maio de 2010

McPhee

Depois do dia da mãe, acho que posso falar também um pouco da mãe deles...
Ando feliz! Ao fim de quase vinte anos de profissão tenho, finalmente, uma alcunha. Ou seja, uma identidade profissional.
Duas meninas de 5º ano, enquanto desenhavam padrões à la Klimt, confessaram-me que no dia em que me conheceram acharam que eu era muito má, mas que depois perceberam que eu afinal era fixe.
Que imagem passei eu quando, sentada em cima de uma das mesas, lhes disse em voz baixa e tranquila que havia apenas duas coisas que precisavam de saber sobre mim: que não tolerava barulho e não admitia faltas de respeito?
Simples: apresentei-me à McPhee, com o meu método de trabalho! E assim fiquei, para elas, com a alcunha.
Depois de uma rápida pesquisa na net, no fim-de-semana, corri a comprar o filme (para ser exacta a Sara correu a comprar-me o filme!) e... emocionei-me. Por três razões:
1. Porque o filme é brilhante.

2. Porque a Nanny McPhee é uma personagem humanamente muito mais interessante que a clássica Mary Poppins.

3. Porque as minhas meninas conseguiram ver muito mais fundo do que estou habituada.

Em suma, fiquei tão feliz que me apeteceu contar a toda a gente que me a minha alcunha profissional é Nanny Mcphee! (E, assim como assim, ser comparada com a Emma Thompson é sempre bom para um ego com 42 anos!)
O filme, vamos vê-lo dezenas de vezes. Até o meu Mr.Brown o achou um dos melhores filmes "para crianças" (como ele diz!) que viu nos últimos tempos. E a ele é difícil agradar! O V. e o A. adoraram. O F. andou distraído a fazer desenhos, mas um dia vai descobri-lo.
É muito bom, após quatro anos de retiro em investigação, concluir que ainda é um privilégio dar aulas... a crianças, claro!

domingo, 2 de maio de 2010

dia da mãe

O meu dia da mãe é, felizmente, todos os dias!
Por isso, hoje, não variámos muito programa e, como sempre, as conversas são a pérola do dia.
- Ontem, na escolinha, não foi leite, foi chá. O leite da escolinha é de soja.
- Só é de soja para alguns meninos, F.. Para ti é leite branco, de vaca.
- Leite de vaca é branco, mas a capa é verde...
Pois. Esta questão das cores tem que se lhe diga. Cá em casa o leite branco é branco para se distinguir do leite com chocolate. Mas o F. é ainda mais exacto na distinção.
Leite branco com capa verde!
Em dia da mãe será oportuno perguntar: E o leite materno? Tem capa de que cor?
Talvez dependa da cor da mãe...