Das histórias nascem histórias

Das histórias nascem histórias
um poema visual de Fernanda Fragateiro

sábado, 1 de maio de 2010

em Maio chega o carrapato

Ontem os Gambozinos andaram a pôr maias nas portas da Rua de Francos. Perguntei ao F. a razão.
- É para o rarrapato não entrar!
- O carrapato? O que é o carrapato?
- Tem umas mãos grandes e um rabo comprido...
- Quem?
- Esse, que tu disseste.
- O carrapato?
- Sim.
- Não pusemos maias na nossa porta...
- Não tens correio!
- O carrapato entra pela caixa do correio?
- Não. Mas a nossa é muito alta.
- Para quê?
- Para entrar...
- Quem?
- O... esse que tu disseste.
- Diz tu!
- Ra... não sei!(esconde a cara nas mãos) Rarrapato! (ri-se)
Quando eles não pronunciam as palavras correctamente e se apercebem disso significa que cresceram. Mas só um bocadinho, felizmente!
O carrapato é que já anda por aí há muitos anos... e até parece que está a crescer. Ainda bem que a nossa caixa do correio é alta!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

bibliotecas

No sábado, eu e o F. passámos o dia na Biblioteca Almeida Garrett a pretexto dos Gambozinos cantarem nos 1os Encontros de Literatura Infanto-Juvenil da SPA.
Hoje, na Faculdade de Desporto, enquanto os manos faziam exercício para gastarem calorias, o F., que estava cansado de mais para correr, pediu:
- Podemos ir à biotecla?
Podíamos e fomos. Mas foi uma enorme desilusão! A biblioteca não tinha almofadas, nem caixotes com livros e, pior que isso, não tinha livros com imagens. Além disso, nem sequer se podia falar lá dentro.
- Onde é a outra? A dos pequeninos? - perguntou o F., desapontado.
Não há! Nas Faculdades não há bibliotecas para pequeninos.
- Porquê não há, mãe?
Boa pergunta...
Alguém quer responder?

terça-feira, 27 de abril de 2010

um, dois, três... quarto!

Como na família somos todos mais ou menos professores, cá em casa não ensinamos os nossos filhos. Eles é que aprendem!
Como tal, a escola encarrega-se de lhes ensinar coisas.
O F. anda a aprender os números na escolinha, não porque precise, mas porque como não dorme vai trabalhar com os meninos de cinco anos. Sempre é melhor do que não deixar dormir quem precisa e quer!
Ontem, à noite, antes de mergulhar no sono, os olhos já semi cerrados, contava:
- Um, dois, três quarto, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, cartoze, vinte e um, vinte e três, dezanove... vinte e três, vinte e um... de... za...
E plof! mergulhou nuns sonhos que deviam estar cheios de bichinhos em formas de números.
Há uns meses atrás comprei uns livros do Charley Harper e achei que aprender números e letras pode ser uma coisa mesmo bonita!
Ainda assim, por favor, não ensinem os números e as letras aos meninos que precisam de brincar! (Podem dar-lhes livros boitos, claro! Ensinar é que não!)

 

Mas o meu número preferido é o seis!
6 WATER STRIDERS GLIDING!

domingo, 25 de abril de 2010

foi bonita a festa, pá!

Ontem, expliquei ao meu F. o 25 de Abril. Para explicar o 25 de Abril a uma criança de três anos é preciso alguma perícia.
- Amanhã, F., é um dia muito importante. A tua Mi faz anos e foi um dia em que os soldados puseram cravos dentro das espingardas e disseram que podíamos falar e não fazer tudo o que os homens maus mandavam.
- Diz isso outra vez! - retorquiu ele.
E eu disse, mas ele interrompeu.
Afinal só queria que eu disse outra vez "25 de Abril"!
É o hoje o dia! Pegue-se nas vassouras e trate-se de varrer o lixo das últimas décadas.
Cravos em punho, o coração na voz, voltarei a gritar com a energia da idade que tinha em 74.
E cantarei a Grândola, baixinho, para que só os bons ouvidos me ouçam.
Fascismo nunca mais, mesmo!