Das histórias nascem histórias

Das histórias nascem histórias
um poema visual de Fernanda Fragateiro

domingo, 27 de fevereiro de 2011

a ranhada


Não consigo habituar-me à ideia de que em breve toda a gente (talvez excepto eu!) esteja a escrever com erros, isto é, em tácito acordo com o novo acordo ortográfico.
Lembro-me que a minha avó materna (que nascera em 1917) escrevia "assúcar" assim mesmo e lembro-me igualmente de achar que eram a idade e a sabedoria que lhe davam o estatuto de escrever açúcar assim e não como eu.
Por conseguinte, tenciono assumir a idade e a sabedoria da minha avó e continuar a escrever as palavras como o Sr. Pompeu me ensinou. Sem erros.
Entretanto, vou empenhar-me em que a nova geração desenvolva aquela capacidade mágica que o Mia Couto representa tão paradigmaticamente de inovar o vocabulário, tornando o português numa língua expressiva, criativa e, sobretudo, bem disposta.
Comecemos, pois, pela "ranhada", no respectivo contexto.
- Sabes, mãe, ontem é que foi, na casa de banho, aquela ranhada, tanta ranhada que até chegava até à boca e tinha uma catota no meio e tudo! - disse o F. hoje de manhã no meio de uma panqueca com canela e acúcar.

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