Das histórias nascem histórias

Das histórias nascem histórias
um poema visual de Fernanda Fragateiro

domingo, 7 de junho de 2015

o meu filho é um intelectual



na viagem de regresso a casa, ao anoitecer, depois de um piquenique entre amigos muito, muito especiais, onde houve bombardeamentos de água para refrescar toda a gente:
- mãe, acho uma estupidez venderem-se armas.
- eu também. e o mais estúpido é que há países, como os EUA, que vendem armas para ganharem muito dinheiro... com as guerras que eles provocam.
- se não se vendessem armas, se calhar não havia ladrões... nós vamos empobrecer, mãe?
- espero que não... por isso é que falamos tantas vezes nas coisas que não vale a pena comprar, não é?
- o que é o Estado, mãe? é que eu já fiz essa pergunta ao Rui, mas esqueço-me sempre...
- o Estado, blá, blá, blá...
- tu é que devias ser boa no Estado, mãe. porque é que são os maus que vão sempre para lá?
- pois não sei...
- há muitas pessoas deficientes porque os americanos deitaram duas bombas no Japão!
- pois, é que guerras sempre houve, mas dantes os reis e os que mandavam também iam para a guerra, não mandavam atirar bombas em cima das pessoas...
- o Afonso Henriques é que ia à frente, com a espada içada, e os outros iam atrás dele. mas depois com os cowboys, eles tinham pistolas e os índios tinham arcos e flechas e, é sempre a mesma coisa, os mais fortes ganham aos mais fracos...
acho que ele está mesmo a crescer.
não são as coisas que em volta estão que mudam de tamanho.
o senhor Pina que me desculpe...