Sem ele, a fratria não tinha graça. A tríada não era tríada, era díada.
E as relações a três são infinitamente mais ricas que as relações a dois, já lá explicava George Simmel (e eu, por minha vez, na minha tese de doutoramento!).
Mas, ser o irmão do meio, com tudo o que isso tem de música para os nossos ouvidos (viva o Sérgio!) como dizia a M., que é prima deles, quando tinha quatro anos "deve ser um bocado apertado". E é, de facto!
O F. parece uma ventosa. Basta ver-me e cola-se-me à existência sem intervalos.
O A. basta não ter mais nada de interessante para fazer e suga-me a existência com programas de terapia ocupacional intensiva, que incluem infalivelmente trabalhos para a escola, projectos de mil coisas que quer fazer ou saídas inopinadas para concretizar essas coisas.
No meio (literalmente) disto está o V., que parece uma daquelas existências mágicas, pairando tranquilidade (até ao momento da fúria!) entre nós, com arremessos de provocação, humor e barulho (muito barulho, porque canta desalmadamente, batuca cruelmente em qualquer superfície dura e engoliu, de certeza, um disco do Bob McFerry - aquele que desapareceu há uns meses!).
O V. é uma caixa de surpresas. Mas daquelas sem chave. Não se arranca nada dele. Só muito de vez em quando sai de lá um suspiro de ar cujo aroma me cabe decifrar: angústia, medo, ciúme, insegurança, revolta...
Ontem, depois de chegarem de um fim-de-semana cultural com os avós, surpreendentemente, abriu-se momentaneamente a tampa da caixa.
- Tive saudades tuas, mãe!
E quase me vieram as lágrimas aos olhos... porque às vezes é difícil lembrarmo-nos que o V. tem sentimentos como os nossos!
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